26 de setembro de 2007

História do pensamento econômico (V)

Dando continuidade à série "História do pensamento econômico", coloco abaixo mais itens que compõem a chamada "escola marxista da economia", cujo principal representante é Karl Marx.

ESCOLA MARXISTA

Karl Marx nasceu em 1818 na Prússia em uma área atualmente pertencente à Alemanha, no seio de uma família judaica convertida ao protestantismo. Enquanto estudante de liceu Marx foi influenciado pelo liberalismo francês e pelos ideais da Revolução Francesa.

Marx foi estudante universitário em Bonn, onde participou na vida das associações de estudantes, que eram igualmente perseguidas pelas autoridades devido às suas orientações progressistas. Mais tarde mudou para a Universidade de Berlim.

Terminada a licenciatura, verifica que não pode dar aulas devido aos seus ideais liberais. Conclui o doutoramento, mas continua a não poder dar aulas. Começa então a trabalhar como redator do jornal A Gazeta Renana, redigindo artigos de natureza política contra o Governo. O jornal acaba sendo fechado pela polícia. Casa-se nesta época. Impedido de trabalhar, parte para Paris, onde continua a sua atividade de intervenção política através de jornais e revistas, ao mesmo tempo em que aprofunda os seus estudos filosóficos e começa a formular a teoria que se veio a designar como marxismo.

A sua atividade política continua lhe causando problemas, e por isso se muda mais tarde para Bruxelas e finalmente para a Inglaterra, onde viveu com a família até ao fim dos seus dias e onde escreveu o seu livro mais famoso, O Capital. Marx viveu na miséria a maior parte da sua vida, sem dinheiro para a comida, para o aquecimento ou para os medicamentos.

Os Modos de Produção

O Marxismo é simultaneamente uma teoria econômica e política. Segundo a visão de Marx, a sociedade, na sua evolução, passa necessariamente por fases evolutivas associadas ao nível de desenvolvimento das forças produtivas, que ele classifica em termos de modos de produção.

As modificações associadas à Revolução Industrial impuseram o modo de produção capitalista, que era aquele que Marx entendia que caracterizava a economia do seu tempo. A seguir viria o modo de produção socialista.

Um elemento definidor dos modos de produção era a propriedade dos meios de produção, aquilo a que hoje designamos como capital. No modo de produção rural o principal meio de produção era a terra, a qual era propriedade da nobreza.

Com o advento do capitalismo, a propriedade do principal meio de produção (capital físico) estava nas mãos da burguesia capitalista. Finalmente, no futuro modo de produção socialista, seriam os proletários que possuiriam a propriedade dos meios de produção.

Marx associava intimamente a propriedade dos meios de produção ao nível político. Os detentores dos meios de produção eram também a classe dominante. Antes tinha sido a nobreza através do sistema feudal, no tempo de Marx era a burguesia através da democracia parlamentar, no futuro seria o operariado através da ditadura do proletariado

Inevitabilidade da Revolução

Segundo Marx, tratava-se de um processo histórico e progressivo. A burguesia, ao suplantar a nobreza, tinha tido um papel progressista, mas esse papel estava se esgotando. Dependia agora do proletariado avançar para a fase seguinte. Marx tinha uma visão determinística do processo: nada poderia impedir esta sucessão de acontecimentos, podia-se apenas apressar ou retardar a sua eclosão. É a teoria que se designa como materialismo histórico. Correspondente a cada modo de produção existia uma classe que avançava com o processo de transformação da sociedade, enquanto as outras se opunham: portanto a história avançava através da luta de classes.

Marx entendeu que era um papel dos intelectuais como ele, que se apercebiam do processo histórico, ajudar a acelerar as mudanças, já que eles significavam progresso. Por isso Marx empenhou-se na organização do proletariado em partidos políticos, com vista à tomada do poder. Em 1848 Marx publicou o Manifesto Comunista. Ajudou também a organizar uma estrutura que se destinava a coordenar os partidos proletários, a Internacional Socialista. No entanto, esta atividade intelectual não poderia substituir a revolução que, mais tarde ou mais cedo, eclodiria sob uma forma violenta.

(Continua na próxima postagem.)

Referências bibliográficas:

CANO, Wilson. Introdução à economia: uma abordagem crítica. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998.

SAMUELSON, Paul A. & NORDHAUS, William D. Economia. 12ª Edição. Lisboa: McGraw-Hill, 1988.


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