O Humanismo, também chamado de Renascença, é a “ideologia” típica da Idade Moderna. É um movimento cultural que busca, em um primeiro momento, resgatar e imitar os conhecimentos da cultura greco-romana e, posteriormente, criar suas próprias obras tendo como base o homem, que passa a ser o centro da atenção humana. É importante ressaltar que os artistas desta época buscavam, nos antigos, um estímulo à sua própria imaginação, e não um modelo a ser copiado. O movimento surgiu na Itália e, de lá, propagou-se aos outros países.
O que mais se destaca na Renascença é a abundância de gênios e talentos extraordinários. Mesmo não havendo pensadores como Aristóteles e Platão, outros campos da cultura, como a arte, a música e a literatura, destacam-se profundamente.
Este movimento pode ser explicado como uma conseqüência do feudalismo. O homem percebe que ocupa um lugar no mundo, e passa a “coloniza-lo” efetivamente obviamente, as atenções são todas para o próprio homem: ele quer provar que é capaz de realizar o que quiser.
A anatomia humana é a primeira área beneficiada pela Renascença. Pintores chegam a dissecar cadáveres para conhecer com exatidão o interior do corpo humano. E o objetivo não é só exaltar o homem: é necessário educa-lo também.
A religião não é esquecida: apenas o seu foco muda. O homem passa a ser visto como um microcosmo, como um ser feito por Deus mas que precisa se preocupar também com o seu habitat material. O homem pode modificar, melhorar, recriar o local onde vive. O homem tem o livre-arbítrio para escolher entre as coisas inferiores, degenerando-se, ou as superiores, regenerando-se.
O que marca a Renascença é a experimentação, ou seja, o homem não mais acredita nas coisas por questões teológicas ou filosóficas, e sim por experiência própria. E o homem utilizará esta experiência em proveito próprio, vendo como a natureza funciona para poder manipula-la. É o embrião da ciência.
Um dos grandes nomes do período renascentista, talvez até mesmo o maior nome, é Leonardo da Vinci. Ele dizia que o homem, para poder criar obras que sejam entendidas e que produzam os sentimentos originais do autor, o mesmo deve “transformar-se na própria natureza”. O artista deve ser também cientista e filósofo.
Há quem afirme que a Renascença é eminentemente pagã e anticristã. Contudo, quando os renascentistas dizem que vão à busca do antigo, eles não estão renegando a ideologia cristã, pois os renascentistas baseiam-se nos antigos para legitimar sua própria fé. Outro aspecto renascentista, o da criação do novo, também não é anticristão, pois o espírito renascentista é a própria manifestação do poder e da bondade de Deus. Os próprios artistas tinham consciência de que eles eram a manifestação de Deus. Por fim, a valorização do homem, também característica da Renascença, não tem nada de anticristão. Pelo contrário, é a exaltação do homem como criatura feita por Deus, e à Sua imagem e semelhança. O homem se engrandece com a beleza, a inteligência e o gênio, mas só atinge a perfeição através de Deus.
O problema da Renascença é que ela supervalorizou o homem de maneira unilateral, fazendo-o achar que criou Deus, e não que foi criado por Ele. Esta mentalidade levou ao antropocentrismo absoluto, isto é, ao ateísmo.
Dois humanistas não-italianos merecem destaque. Erasmo de Roterdam e Thomas Morus. O primeiro tornou-se monge porque era nos mosteiros que o movimento humanista iniciou-se. Contudo, não se sentiu à vontade com a vida ascética, e por isto saiu do convento.
Atingiu o sucesso com o livro Elogio da Loucura, no qual satirizou tudo e todos: homens, instituições e costumes. Erasmo, contudo, generalizou demais, e não levou em conta as honrosas exceções. Suas críticas, contudo, são boas, pois compara as atitudes dos papas e bispos com as de Jesus. Tem um estilo bastante racionalista e crítico.
Procurou revelar as fontes originais e puras da Igreja, através da tradução do original grego do Novo Testamento e da reedição de livros dos santos padres. Buscou também reconciliar Lutero e o papa, mas sua tentativa foi frustrada. Foi repudiado tanto pelos reformistas quanto pelos católicos, e morreu sem ter suas idéias de paz e conciliação postas em prática.
O segundo humanista foi o inglês Thomas Morus. Foi um humanista cristão e, por isto, reprovou o divórcio do rei Henrique VIII, além de não o reconhecer como chefe da Igreja Anglicana.
A grande diferença entre Erasmo e Morus é que este faz uma crítica muito mais moderada e, principalmente, respeitosa à Igreja Católica. Tais críticas e idéias foram expostas em seu livro intitulado Utopia.
Neste livro, Morus expõe como corrigir os males e desajustes da sociedade, dos quais derivam a tirania e a corrupção política, além do abuso da propriedade privada no campo econômico. Ele propõe a reformulação do direito de propriedade e a reorganização das relações econômicas.
Mesmo com esta “explosão” renascentista, alguns itens ficaram a desejar. O uso do latim na grande maioria dos escritos, por exemplo, colocou em segundo plano as línguas nacionais. Além disto, a Renascença não atingiu as classes pobres e incultas, nem como mentalidade, nem como transformação.
Entretanto, mesmo levando-se em consideração tais falhas, pode-se dizer que a Renascença foi o início da sociedade atual. A valorização do homem, o desenvolvimento científico e tecnológico e o próprio conhecimento atual das civilizações antigas são conseqüências da Renascença.