31 de maio de 2009

Campo de Concentração de Sachsenhausen (V)

(Continuação da postagem anterior.)

As punições no campo eram frequentemente duras. Exigia-se de vários prisioneiros que fizessem a "saudação de Sachsenhausen", que consistia no prisioneiro se agachar e esticar seus braços à sua frente, independentemente do que estivesse em suas mãos.

Foto antiga da área de contagem, com os prisioneiros em linha. Conta-se que era costume, especialmente na época do inverno, fazer tais contagens e, enquanto a mesma era feita, jogava-se água fria nos prisioneiros para ver quantos congelariam. O recorde de prisioneiros mortos desta forma foi de 462

Perímetro da área de contagem

Havia uma faixa para que os prisioneiros marchassem ao redor do perímetro da área na qual se fazia a contagem dos prisioneiros. Em tal faixa os prisioneiros eram obrigados a marchar em uma variedade de superfícies diferentes, especialmente para testar calçados militares. Em média, os prisioneiros marchavam entre 25 e 40 quilômetros todos os dias, geralmente carregando entre 20 e 30 kg de pedras em suas costas.

Perímetro da área de contagem

Perímetro da área de contagem

Barracões reconstruídos

Barracões reconstruídos

Banheiro dos prisioneiros

Area de banho dos prisioneiros

Alojamento dos prisioneiros

Os prisioneiros enviados para o campo seriam mantidos em isolamento com pouca quantidade de comida, e alguns eram suspensos pelos pulsos com o braço puxado para trás (pelas costas). Em situações tais como tentativa de fuga, haveria um enforcamento público em frente aos demais prisioneiros, objetivando usar os fugitivos como exemplo.

Faixa na qual os presos marchavam

Os diferentes tipos de pisos nos quais os presos marchavam com pedras nas costas, para testar calçados militares

(Continua na próxima postagem.)

29 de maio de 2009

Campo de Concentração de Sachsenhausen (IV)

(Continuação da postagem anterior.)

O campo de Sachsenhausen era considerado extremamente seguro, e poucas foram as fugas que tiveram sucesso. O perímetro consistia em um muro com três metros de altura; do lado de dentro, ao lado desse muro, havia uma área patrulhada por guardas e cães. Além disso, do lado de dentro havia uma cerca elétrica, e da mesma forma que em Dachau havia a "faixa da morte", área na qual os prisioneiros não podiam estar e, caso ali estivessem, seriam fuzilados pelos guardas das torres sem nenhum aviso. "Recompensas" como um maior descanso eram oferecidos aos guardas que atiravam e matavam qualquer prisioneiro que entrasse na "zona da morte".

O muro do campo de concentração com uma de suas torres

O muro com resquícios da cerca de arame farpado no topo

Perímetro do campo principal

O muro, a cerca eletrificada e a "faixa da morte"

O muro, a cerca eletrificada e a "faixa da morte"

O muro, a cerca eletrificada e a "faixa da morte"

(Continua na próxima postagem.)

27 de maio de 2009

Campo de Concentração de Sachsenhausen (III)

(Continuação da postagem anterior.)

Em um primeiro momento, o campo de Sachsenhausen foi destinado principalmente a prisioneiros políticos. As execuções, neste período, eram feitas em uma trincheira, por fuzilamento ou por enforcamento. Entretanto, a partir de 1938 foram levados para lá milhares de judeus; a partir de 1940, milhares de polacos e, iniciando em 1941, milhares de militares soviéticos, 18 mil dos quais foram fuzilados. Estima-se que em janeiro de 1945 havia mais de 65 mil prisioneiros em Sachsenhausen, incluindo mais de 13 mil mulheres.

Modelo de símbolos costurados nas roupas dos prisioneiros

Roupa padrão dos presos, usada em todas as épocas do ano

Área de fuzilamento do campo de concentração, antes da criação do crematório

Área de fuzilamento do campo de concentração, antes da criação do crematório. Não havia contato visual entre o fuzilador e o fuzilado: dessa forma, evitava-se a "ligação emocional" entre carrasco e vítima, pois o carrasco se sentia em um trabalho "impessoal"

Vale destacar que os carrascos recebiam "premiações" conforme o serviço executado. Por exemplo, quanto mais prisioneiros fossem mortos por hora, mais tempo livre para descanso teria o carrasco

Área de eliminação dos corpos fuzilados e/ou cremados

Área de eliminação dos corpos fuzilados e/ou cremados

Como dito anteriormente, Sachsenhausen não foi criado originariamente para ser um campo de extermínio, posto que seus prisioneiros eram enviados para outros campos (principalmente Auschwitz) para serem mortos. Entretanto, a partir de 1943 iniciou-se a construção de uma câmara de gás e de fornos, objetivando facilitar a morte de grandes quantidades de prisioneiros (especialmente os chamados "PoW's", ou "Prisioners of War" (Prisioneiros de Guerra) soviéticos. A câmara do campo utilizava o gás Zyklon B, colocado no sistema de ventilação do campo.

Chaminé do crematório, vista de longe

Fornos do crematório

Fornos do crematório

Fornos do crematório

(Continua na próxima postagem.)

24 de maio de 2009

Campo de Concentração de Sachsenhausen (II)

(Continuação da postagem anterior.)

O segundo campo visitado por mim durante minha viagem foi o de Sachsenhausen. Assim como o de Dachau, o campo de Sachsenhausen era um campo de concentração, não um campo de extermínio. O campo esteve ativo nas mãos dos nazistas desde meados de 1936 até abril de 1945, e de agosto de 1945 até aproximadamente 1950 Sachsenhausen serviu como um acampamento especial soviético.

Entrada do campo de concentração de Sachsenhausen

Entrada do campo de concentração de Sachsenhausen

Torre principal do campo de concentração de Sachsenhausen

O portão do campo de concentração de Sachsenhausen, com a infame frase "Arbeit Macht Frei" ("O Trabalho Liberta")

"Eles pareciam com medo. Pálidos com feição mórbida, lívidos, com rostos transparentes, nada além de pele e osso [...]. Pessoas cobertas com úlceras e feridas [...] choravam de alegria ao avistar nossos soldados -- especialmente, dentre eles, os poloneses, quando viam os soldados poloneses."

Devido à sua localização próxima a Berlim (distante 35 km da capital), o campo de Sachsenhausen tinha uma posição especial entre os campos de concentração alemães. O centro administrativo de todos os campos de concentração situava-se em Oranienburg, e Sachsenhausen transformou-se em um centro de aprendizado para os oficiais da Schutzstaffel (SS), local que atualmente é utilizado como centro de treinamento da polícia de Berlim.

Estrutura do campo de concentração de Sachsenhausen

Estrutura do campo de concentração de Sachsenhausen

Estrutura do campo de concentração de Sachsenhausen

Atual centro de treinamento da polícia alemã

(Continua na próxima postagem.)

21 de maio de 2009

Campo de concentração de Sachsenhausen (I)

Confome já informado em uma de minhas primeiras postagens desta série, durante a minha viagem visitei alguns campos de concentração. O primeiro deles foi o de Dachau, situado próximo à cidade de Munique (para ler mais sobre tal campo clique aqui).

Antes de falar especificamente do campo de Sachsenhausen, é necessário fazer a diferenciação entre "campo de concentração" e "campo de extermínio". Os campos de concentração se caracterizavam por ser, oficialmente, centros de confinamento militar, utilizados para a detenção de civis ou militares. Eram quase sempre instalações inicialmente provisórias, com capacidade para abrigar grande quantidade de pessoas, normalmente prisioneiros de guerra, que, no melhor dos casos, poderiam vir a servir como moeda de troca com o inimigo, ou permanecerem presas até a resolução do conflito. No terreno do campo de concentração eram dispostos, organizadamente, barracões para dormitórios, refeitórios, escritórios e finalidades complementares.

Já "campo de extermínio" era o termo aplicado a um grupo de campos construídos especificamente pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial com o objetivo expresso de matar os "inimigos" do regime nazista (judeus, ciganos de etnia roma, prisioneiros de guerra soviéticos, bem como polacos e outros).

Assim, existe uma clara distinção entre campos de extermínio e campos de concentração, tais como os de Dachau e Belsen, cuja maior parte se situava na Alemanha. Os campos de concentração constituíam um sistema de encarceramento e aglomeração dos vários "inimigos do estado" (tais como comunistas e homossexuais) e dispunham de bases de recursos de trabalho forçado para empresas alemãs. Muitas vezes, os judeus inicialmente detidos nestes campos de concentração eram posteriormente enviados para os campos de extermínio. Nos primeiros anoso regime nazista (estabelecido em 1933) alguns judeus foram enviados para estes campos. Após942, no entanto, houve o início das deportações em massa para os campos de concentração, sendo que muitos destes enviados eram, ou imediatamente ou em seguida, enviados para os campos de extermínio (fonte: Wikipédia).

(Continua na próxima postagem.)

12 de maio de 2009

Berlim (VI)

(Continuação da postagem anterior.)

A Universidade Humboldt de Berlim é a mais antiga universidade de Berlim. Foi fundada em 1810 como Universidade de Berlim pelo lingüista e educador liberal prussiano Wilhelm von Humboldt, cujo modelo universitário influenciou fortemente outras universidades européias e ocidentais. Desde 1828 era conhecida como Universidade Friedrich-Wilhelm, mais tarde também como Universität Unter den Linden. Em 1949, trocou seu nome para Humboldt-Universität em homenagem a seu fundador.

Depois de 1933, como todas as universidades alemãs, foi transformada em uma instituição nazista de ensino. Foi da biblioteca da Universidade que 20.000 livros escritos por "degenerados" e oponentes do regime foram retirados para serem queimados em 10 de maio daquele ano na Opernplatz (hoje Bebelplatz) para uma demonstração defendida pela SA, que também incluiu um discurso de Joseph Goebbels. Hoje em dia, um monumento a esse evento pode ser visto no centro da praça, consistindo de um painel de vidro abrindo-se para uma sala branca subterrânea contendo prateleiras vazias com espaço para 20.000 livros e uma placa, contendo uma epígrafe de uma obra de Heinrich Heine de 1820: "Das war ein Vorspiel nur, dort wo man Bücher verbrennt, verbrennt man am Ende auch Menschen" ("Aquilo foi somente um prelúdio; onde se queimam livros, queimam-se no final também pessoas"). Estudantes judeus, professores e oponentes políticos dos nazistas foram expulsos da Universidade e muitos deportados e assassinados.

A Catedral de Santa Edwiges é uma catedral católica localizada em Bebelplatz, em Berlim, Alemanha. Foi construída no século XVIII a mando do rei Frederico II da Prússia. Ignacy Krasicki, amigo de Frederico II, oficializou a abertura da catedral em 1773. A catedral foi nomeada a partir da padroeira da Silésia e de Brandemburgo, Santa Edwiges, e comemorou a chegada de imigrantes silesianos católicos em Brandemburgo e Berlim. Depois da Noite dos Cristais, que ocorreu na noite 9 de novembro a na madrugada de 10 de novembro de 1938, Bernhard Lichtenberg rezou publicamente pelos judeus. Mais tarde, Lichtenberg foi preso pelos nazistas e morreu a caminho do Campo de Concentração de Dachau. Em 1965, seus restos mortais foram transferidos à cripta da catedral.

Bücherverbrennung significa em alemão literalmente queima de livros. É um termo muitas vezes associado à ação propagandística dos nazistas, organizada entre 10 de Maio e 21 de Junho de 1933, poucos meses depois da chegada ao poder de Adolf Hitler. Em várias cidades alemãs foram organizadas nesta data queimas de livros em praças públicas, com a presença da polícia, bombeiros e outras autoridades.

Estudantes, em particular os estudantes membros das Verbindungen, membros das SA e SS participaram nestas queimas. A organização deste evento coube às associações de estudantes alemãs NSDStB e a ASTA, que com grande zelo competiram entre si tentando cada uma provar que era melhor do que a outra. Foram queimados cerca de 20.000 livros, a maioria dos quais pertencentes às bibliotecas públicas, de autores oficialmente tidos como "pouco alemães".

O Museu Judaico de Berlim (Jüdisches Museum Berlin) é um museu situado em Berlim e que cobre a história dos judeus alemães ao longo de dois milênios. Este museu foi fundado no ano de 1933 em Oranienburger Straße (Berlim) e foi fechado em 1938 pelo regime nazista. Daniel Libeskind desenhou um novo edifício para o novo museu que abriu as suas portas em 2001.

Interior do Museu Judaico de Berlim

Interior do Museu Judaico de Berlim

Interior do Museu Judaico de Berlim

Interior do Museu Judaico de Berlim: uma carta de Auschwitz

Interior do Museu Judaico de Berlim

Interior do Museu Judaico de Berlim: sobre as Leis de Nuremberg

(Fim da série sobre Berlim. Próxima série: Campo de Concentração de Sachsenhausen.)

10 de maio de 2009

Berlim (V)

(Continuação da postagem anterior.)

Após a chamada "Noite dos Cristais" (Kristallnacht) em 1938, milhares de judeus da cidade foram aprisionados no campo de concentração de Sachsenhausen (localizado a cerca de 30 km de Berlim), e o número de judeus na cidade se reduziu para 75 mil em 1939. A partir de 1943 os judeus passaram a ser enviados diretamente para os campos de extermínio, tais como Auschwitz. Apenas cerca de 1.200 judeus sobreviveram à guerra na cidade.

Durante a guerra, várias áreas da cidade foram destruídas por ataques aéreos entre 1943 e 1945, durante a Batalha de Berlim. Destruction of buildings and infrastructure was nearly total in parts of the inner city business and residential sectors. The outlying sections suffered relatively little damage. This averages to one fifth of all buildings (50% in the inner city) for overall Berlin. Após a guerra, Berlim recebeu grande número de refugiados das províncias orientais.

O Memorial aos Judeus Mortos da Europa, também conhecido por Memorial do Holocausto, é um memorial em Berlim para vítimas judias do Holocausto, projetado pelo arquiteto Peter Eisenman e engenheiros do Buro Happold. Consiste de uma área de 19.000 metros quadrados coberta com 2.711 blocos de concreto ou "stelae", parecendo com um campo ondulado de pedras. Os blocos são de 2,38m de comprimento por 0,95m de largura e altura variada desde 0,2m até 4,8m.

De acordo com o texto do projeto de Eisenman, os blocos são desenhados para produzir uma intranqüilidade, um clima de confusão e a escultura toda ajuda a representar um sistema supostamente ordenado e que perdeu o contato com a razão humana. Um anexo subterrâneo chamado de "Local de Informação" guarda os nomes de todas as vítimas judias conhecidas do Holocausto, conseguidos através do museu israelense Yad Vashem.

O Führerbunker, localizado no subterrâneo abaixo desta imagem, é o nome do complexo subterrâneo de salas em Berlim no qual Adolf Hitler passou as últimas semanas do regime nazista e cometeu suicídio. O bunker localizava-se a nordeste da Chancelaria do Reich, a cinco metros de profundidade e protegido por mais quatro de concreto armado. Cerca de trinta salas espalhavam-se por dois pisos e havia saídas na construção principal e uma saída de emergência para os jardins. Era equipado com sistema de ventilação protegido contra gases venenosos, geradores a diesel e portas de aço.

Deutsche Luftwaffe ou simplesmente Luftwaffe (alemão: força aérea, literalmente “arma de aviação”) é o termo geralmente usado para designar a força aérea alemã desde sua criação (em 1935, por Adolf Hitler, sendo comandada por Hermann Göring) e ainda usado após a Segunda Guerra Mundial. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Luftwaffe teve um papel fundamental na rápida conquista da Europa Oriental e Ocidental e na criação do conceito da Blitzkrieg. Mais tarde, apesar de seus melhores esforços, não pôde impedir a derrota da Alemanha, visto que a Luftwaffe combatia em duas frentes, e devido à falta de reposição de aviões, graças ao bombardeio aliado constante em fábricas e cidades alemãs, e por lutar com um inimigo com maior força numérica. Na foto, a sede da Luftwaffe durante a Segunda Guerra Mundial.

A Gestapo era a garantia do completo domínio da população pelo partido nazista. Ela foi a polícia política da Alemanha nazi; criada em 26 de abril de 1933 por Hermann Göring e reorganizada em 1936 por Reinhard Heydrich, passou para o controle de Heinrich Himmler em 1934. Esta polícia funcionava sem tribunal, decidindo ela mesma as sanções que deviam ser aplicadas. Tornou-se célebre primeiramente na Alemanha, e depois em toda a Europa ocupada, pelo terror implacável de seus métodos. A Gestapo representou o arbítrio e o horror das forças nazistas. Na foto, uma das sedes da Gestapo durante a Segunda Guerra Mundial.

Um dos métodos de atuação de seus membros era disfarçando-se de operários e indo "trabalhar" nas fábricas; lá, eles aguçavam os outros operários para uma revolta contra o governo, a polícia secreta passava uma lista onde os operários que estavam a favor assinavam seus nomes. Durante a noite os operários que assinavam a lista recebiam uma visita de alguns policiais fardados e com um botton de um crânio e uma águia de ferro no quepe. No dia seguinte o operário era substituído por outro, pois ninguém mais o via. O botton em forma de crânio é a caveira símbolo das SS, ou "totenkopf", em alemão. Foi inspirada no emblema de guardas prussianos do século XVIII. A Gestapo também era famosa pelo jogo de "gato e rato" que fazia com todos aqueles que julgava suspeitos. Em outras palavras, jamais prendia alguém imediatamente; mas estimulava suas supostas atitudes subversivas, para pegar não somente um suspeito mas, se possível, todos aqueles que com ele tivessem ligação. Um capítulo à parte deve ser reservado aos métodos de prisão, interrogatório e tortura da Gestapo. Todo preso pela polícia secreta nazista podia esperar as formas mais selvagens de suplícios, com tal de arrancar-lhe qualquer informação ou delação que viesse a ser útil. Choques elétricos, espancamentos, queimaduras, torções, estupros - tudo isso aplicado por profissionais treinados. Na foto, uma das sedes da Gestapo durante a Segunda Guerra Mundial.

(Continua na próxima postagem.)