10 de setembro de 2007

A "alta finança" na Europa do séc. XIX

A partir da segunda metade do século XIX, com o declínio das ordens feudais e clericais na Europa, surge um novo mecanismo para a manutenção da paz na Europa: a alta finança.

A principal função da alta finança era ser o elo de ligação entre a organização política e a organização econômica do mundo. Ora, no período anterior -- primeira metade do século XIX --, as dinastias feudais e as ordens clericais tinham como objetivo a manutenção da ordem e da paz para que não perdessem o seu poder político na Europa. Em 1848, entretanto, irrompem revoluções em quase todos os países europeus e, por mais que estas revoluções tenham fracassado, estas ordens dinásticas e clericais perderam o seu poder político. Surge, então, a alta finança, como agente mantenedor da paz.

O objetivo ainda era a manutenção da paz, mas por um motivo diferente: uma guerra generalizada entre as grandes potências traria prejuízos. Entre as décadas de 50 e 70 do século XIX, o capitalismo estava em franca expansão, e esta expansão -- com seus conseqüentes lucros -- seria prejudicada caso ocorresse uma guerra entre as grandes potências.

É por isto que a alta finança teve um papel fundamental na manutenção da paz -- ainda que esta fosse uma “paz armada”: as negociações entre os diferentes países eram feitas tendo em vista a manutenção do comércio mundial; os acordos diplomáticos eram realizados de forma a não se desagradar ninguém, como forma de garantir o comércio. Interessava aos grandes capitalistas a manutenção da paz como forma de garantias comerciais. O autor Karl Polanyi cita como exemplo as ferrovias: ao se fazerem novas ferrovias, todos os esforços diplomáticos tinham de ser feitos para que os povos por onde tais ferrovias fossem passar não causassem problemas ao capital.


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