Em três partes, apresentarei aqui as idéias principais de Tocqueville, filósofo francês, sobre a Revolução Francesa. Abaixo a última parte.
Tocqueville obteve aproximadamente 92% dos votos da sua região. Veio a saber que, dos seus colegas de Assembléia Nacional, a maioria absoluta era de monarquistas "convertidos" a republicanos, e não republicanos "natos", ou seja, eram pessoas que estavam tentando tirar algum proveito pessoal a partir da nova situação política da França.
Tocqueville analisa as eleições: segundo ele, os revolucionários erraram ao marcar as eleições gerais para tão depois da Revolução. Se tivessem realizado as eleições logo após a Revolução, não abririam espaço para a oposição, e teriam mantido o poder por mais tempo. Eles governavam com a maioria, mas a contragosto desta.
O resultado das eleições foi o esperado: os resultados foram majoritariamente contra o partido dos revolucionários. Estes achavam que a pátria era "tola", inimiga do seu próprio bem. A sociedade parisiense novamente se dividiu entre burgueses e povo; os proprietários eram quase sempre alvo de vandalismo por parte da população. Eram ameaçados e, para evitar sua destruição, abriam mão de aluguéis, ofereciam trabalho sem obter lucros, enfim, curvavam-se à tirania existente para poderem sobreviver. O desespero da burguesia, entretanto, transformara-se em coragem para lutar contra esta situação ridícula à qual a burguesia estava inserida.
A Assembléia Nacional reuniu-se em quatro de maio; achava-se que a mesma não seria instaurada, mas este "boicote" não aconteceu. Todos os parlamentares defendiam a República, mas de maneira diferente: uns precisavam dela para se defender dos seus opositores, e outros para atacarem seus opositores. A preocupação era com o dia seguinte, e não com um projeto em longo prazo.
Os membros da Assembléia Nacional eram os mesmos de antes; falavam bem uns dos outros, mas na verdade se detestavam; e, ainda, não tinham capacidade para pertencer à Assembléia. Aqueles mais revolucionários -- os montanheses -- dividiram-se em duas facções: os revolucionários da velha escola e os socialistas. Estes últimos eram os mais perigosos, pois estavam mais imbuídos do caráter da Revolução.
Outro ponto a destacar é que havia um número bem maior de grandes proprietários e de nobres nesta Assembléia Constituinte. Havia ainda um número grande de membros do partido religioso. O fato de haver sufrágio universal dedicava aos membros da Assembléia um caráter mais honesto, sincero e desinteressado, já que, teoricamente, os representantes do povo haviam sido escolhidos por todos, e não apenas por aqueles que possuíssem dinheiro.
Tocqueville diz que o prédio da Assembléia não era muito bom, pois não permitia que todos ouvissem e vissem o orador ao mesmo tempo: ou se via, ou se ouvia. Além disso, diz também que o que o levou a estar ali era a defesa da liberdade e da dignidade humana, não tendo nenhum objetivo pessoal por trás desta decisão. Ele gostava de desafios e aventuras, e era por isso que ali estava.
Referências bibliográficas:
Tocqueville, Alexis de. Lembranças de 1848. São Paulo, Companhia das Letras, 1991. Cap. 5.
Tocqueville obteve aproximadamente 92% dos votos da sua região. Veio a saber que, dos seus colegas de Assembléia Nacional, a maioria absoluta era de monarquistas "convertidos" a republicanos, e não republicanos "natos", ou seja, eram pessoas que estavam tentando tirar algum proveito pessoal a partir da nova situação política da França.
Tocqueville analisa as eleições: segundo ele, os revolucionários erraram ao marcar as eleições gerais para tão depois da Revolução. Se tivessem realizado as eleições logo após a Revolução, não abririam espaço para a oposição, e teriam mantido o poder por mais tempo. Eles governavam com a maioria, mas a contragosto desta.
O resultado das eleições foi o esperado: os resultados foram majoritariamente contra o partido dos revolucionários. Estes achavam que a pátria era "tola", inimiga do seu próprio bem. A sociedade parisiense novamente se dividiu entre burgueses e povo; os proprietários eram quase sempre alvo de vandalismo por parte da população. Eram ameaçados e, para evitar sua destruição, abriam mão de aluguéis, ofereciam trabalho sem obter lucros, enfim, curvavam-se à tirania existente para poderem sobreviver. O desespero da burguesia, entretanto, transformara-se em coragem para lutar contra esta situação ridícula à qual a burguesia estava inserida.
A Assembléia Nacional reuniu-se em quatro de maio; achava-se que a mesma não seria instaurada, mas este "boicote" não aconteceu. Todos os parlamentares defendiam a República, mas de maneira diferente: uns precisavam dela para se defender dos seus opositores, e outros para atacarem seus opositores. A preocupação era com o dia seguinte, e não com um projeto em longo prazo.
Os membros da Assembléia Nacional eram os mesmos de antes; falavam bem uns dos outros, mas na verdade se detestavam; e, ainda, não tinham capacidade para pertencer à Assembléia. Aqueles mais revolucionários -- os montanheses -- dividiram-se em duas facções: os revolucionários da velha escola e os socialistas. Estes últimos eram os mais perigosos, pois estavam mais imbuídos do caráter da Revolução.
Outro ponto a destacar é que havia um número bem maior de grandes proprietários e de nobres nesta Assembléia Constituinte. Havia ainda um número grande de membros do partido religioso. O fato de haver sufrágio universal dedicava aos membros da Assembléia um caráter mais honesto, sincero e desinteressado, já que, teoricamente, os representantes do povo haviam sido escolhidos por todos, e não apenas por aqueles que possuíssem dinheiro.
Tocqueville diz que o prédio da Assembléia não era muito bom, pois não permitia que todos ouvissem e vissem o orador ao mesmo tempo: ou se via, ou se ouvia. Além disso, diz também que o que o levou a estar ali era a defesa da liberdade e da dignidade humana, não tendo nenhum objetivo pessoal por trás desta decisão. Ele gostava de desafios e aventuras, e era por isso que ali estava.
Referências bibliográficas:
Tocqueville, Alexis de. Lembranças de 1848. São Paulo, Companhia das Letras, 1991. Cap. 5.
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