(Continuação da postagem anterior.)
O programa de reformas
O programa de reformas do primeiro governo pós-comunista foi tornado público em setembro de 1989 e implementado a partir de 1º de janeiro de 1990, na Lituânia (ex-república báltica soviética).
A estabilização era a primeira tarefa, devendo ser acompanhada pelo ajuste estrutural e seguida pela privatização. A espiral inflacionária tinha de ser controlada, o mercado consumidor tinha de ser equilibrado, o salto em conta corrente tinha de ser aumentado e o déficit público tinha de ser eliminado. Estes eram os objetivos mais urgentes das reformas. Essas medidas deveriam ser empreendidas junto com a racionalização da economia, por meio da competição e da liberalização comercial. Por fim, a privatização deveria completar o processo de reformas.
Os efeitos econômicos das reformas
O efeito da liberação dos preços foi imediato e dramático. Em poucos dias, a maioria dos preços aumentou de 60 a 80%. A taxa de inflação no primeiro mês, depois de liberados os preços no Leste Europeu, foi em média de 25,8 a 250%. Contudo, a inflação caiu quase que imediatamente.
O principal instrumento da estabilização foi uma acentuada redução dos salários. Os salários reais no setor estatal despencaram, e a renda real das famílias caiu drasticamente.
O feedback da opinião pública às reformas
Do ponto de vista dos arquitetos dos programas de reforma radicais, qualquer oposição política às reformas aparece como um populismo irresponsável. Alguns desses arquitetos achavam que o governo estava muito isolado, que isso sufocava a discussão e produzia uma falha impressão de consenso. Eles achavam que o descontentamento popular tinha de se expressar politicamente.
Para um presidente de sindicato, a melhor maneira era os trabalhadores, por meio dos sindicatos, discutir com o governo o desemprego, uma garantia de renda mínima, um salário mínimo, a luta contra a recessão, a transformação da estrutura econômica e a legislação concernente aos sindicatos.
O apoio da opinião pública às privatizações aumentou, à medida que o descontentamento com as reformas empreendidas até então começava a se instalar. Entre os que a apoiavam, citavam a melhoria das atividades como motivo e os que se opunham acreditavam que a privatização faria crescer a desigualdade.
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E DESCRIÇÃO DO PROGRAMA
O PROGRAMA DE AJUSTAMENTO ECONÔMICO
Ao obter sua independência em 1991, com o fim da União Soviética, a Rússia se encontrava com sua economia arrasada, e o declínio continuou em 1992. Muito dessa queda foi ocasionada pela quebra do sistema produtivo soviético, pois a URSS possuía uma rede produtiva interligada em todo o seu território. Quando as repúblicas se separaram, essa rede também se separou, não podendo ser recriada em curto prazo. Além disso, o próprio sistema produtivo soviético já não funcionava, pois as empresas não seguiam mais as ordens recebidas do centro.
Outro fato que contribuiu para a crise de 1992 na Rússia foi a liberalização dos preços, promovidas por Yeltsin. Esta política estava de acordo com a “terapia de choque” promovida pela equipe do governo, explicitada no “Programa Radical de Construção da Economia de Mercado e de Estabilização Econômica” (Cadernos, 2000, 34), que objetivava inserir o capitalismo o mais rápido possível na Rússia para se evitar “dores prolongadas”, mesmo que ocorressem falhas e irregularidades durante este processo. A receptividade da população à liberação dos preços foi negativa, pois houve aumento de preços (em média, o preço dos produtos aumentou de 3 a 5 vezes, com produtos aumentando até 30 vezes) (Segrillo, 2000b, 74). Além disso, não houve uma melhoria na oferta de produtos conforme o previsto, o que também frustrou a população. Até mesmo membros do governo foram contra esta política, como o presidente do Soviete Supremo da Rússia, Ruslan Khasbulatov, e o próprio vice-presidente russo, Aleksandr Rutskoi.
(Continua na próxima postagem.)
O programa de reformas
O programa de reformas do primeiro governo pós-comunista foi tornado público em setembro de 1989 e implementado a partir de 1º de janeiro de 1990, na Lituânia (ex-república báltica soviética).
A estabilização era a primeira tarefa, devendo ser acompanhada pelo ajuste estrutural e seguida pela privatização. A espiral inflacionária tinha de ser controlada, o mercado consumidor tinha de ser equilibrado, o salto em conta corrente tinha de ser aumentado e o déficit público tinha de ser eliminado. Estes eram os objetivos mais urgentes das reformas. Essas medidas deveriam ser empreendidas junto com a racionalização da economia, por meio da competição e da liberalização comercial. Por fim, a privatização deveria completar o processo de reformas.
Os efeitos econômicos das reformas
O efeito da liberação dos preços foi imediato e dramático. Em poucos dias, a maioria dos preços aumentou de 60 a 80%. A taxa de inflação no primeiro mês, depois de liberados os preços no Leste Europeu, foi em média de 25,8 a 250%. Contudo, a inflação caiu quase que imediatamente.
O principal instrumento da estabilização foi uma acentuada redução dos salários. Os salários reais no setor estatal despencaram, e a renda real das famílias caiu drasticamente.
O feedback da opinião pública às reformas
Do ponto de vista dos arquitetos dos programas de reforma radicais, qualquer oposição política às reformas aparece como um populismo irresponsável. Alguns desses arquitetos achavam que o governo estava muito isolado, que isso sufocava a discussão e produzia uma falha impressão de consenso. Eles achavam que o descontentamento popular tinha de se expressar politicamente.
Para um presidente de sindicato, a melhor maneira era os trabalhadores, por meio dos sindicatos, discutir com o governo o desemprego, uma garantia de renda mínima, um salário mínimo, a luta contra a recessão, a transformação da estrutura econômica e a legislação concernente aos sindicatos.
O apoio da opinião pública às privatizações aumentou, à medida que o descontentamento com as reformas empreendidas até então começava a se instalar. Entre os que a apoiavam, citavam a melhoria das atividades como motivo e os que se opunham acreditavam que a privatização faria crescer a desigualdade.
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E DESCRIÇÃO DO PROGRAMA
O PROGRAMA DE AJUSTAMENTO ECONÔMICO
Ao obter sua independência em 1991, com o fim da União Soviética, a Rússia se encontrava com sua economia arrasada, e o declínio continuou em 1992. Muito dessa queda foi ocasionada pela quebra do sistema produtivo soviético, pois a URSS possuía uma rede produtiva interligada em todo o seu território. Quando as repúblicas se separaram, essa rede também se separou, não podendo ser recriada em curto prazo. Além disso, o próprio sistema produtivo soviético já não funcionava, pois as empresas não seguiam mais as ordens recebidas do centro.
Outro fato que contribuiu para a crise de 1992 na Rússia foi a liberalização dos preços, promovidas por Yeltsin. Esta política estava de acordo com a “terapia de choque” promovida pela equipe do governo, explicitada no “Programa Radical de Construção da Economia de Mercado e de Estabilização Econômica” (Cadernos, 2000, 34), que objetivava inserir o capitalismo o mais rápido possível na Rússia para se evitar “dores prolongadas”, mesmo que ocorressem falhas e irregularidades durante este processo. A receptividade da população à liberação dos preços foi negativa, pois houve aumento de preços (em média, o preço dos produtos aumentou de 3 a 5 vezes, com produtos aumentando até 30 vezes) (Segrillo, 2000b, 74). Além disso, não houve uma melhoria na oferta de produtos conforme o previsto, o que também frustrou a população. Até mesmo membros do governo foram contra esta política, como o presidente do Soviete Supremo da Rússia, Ruslan Khasbulatov, e o próprio vice-presidente russo, Aleksandr Rutskoi.
(Continua na próxima postagem.)
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