Referência bibliográfica para estas perguntas: WEISER, Dieter. Geopolitics – renaissance of a controversial concept in Aussenpolitik (English edition), XL, (4), 4th Quarter’94: 402-11.
1. Recapitule e comente as razões pelas quais o “incômodo” conceito de geopolítica vem sendo resgatado ultimamente, segundo Weiser.
O autor diz que o conceito de geopolítica era muito importante no século XIX, quando todas as então potências mundiais estavam concentradas na Europa. As relações de poder eram definidas não só baseando-se nos recursos que cada país possuía, mas também – e principalmente – na posição geográfica que ocupava. Assim, a Alemanha possuía vantagens e desvantagens em ser um país do centro da Europa, e a Grã-Bretanha também tinha suas próprias vantagens e desvantagens em ser uma ilha. Cabia a cada país engendrar suas possibilidades de forma a assegurar o seu lugar como potência.
Weiser fala também sobre a influência que os “fatores naturais” têm sobre os acontecimentos políticos de determinado país. Alguns autores negaram esta influência, dizendo que o espaço natural nada mais é do que um delimitador do território. Mas Weiser põe objeções a este pensamento, dizendo que não só os aspectos naturais importam – pois pode-se atribuir um valor monetário a estes fatores – como influenciam na determinação das políticas interna e externa nos países. Weiser diz também que a sociedade humana está ligada a estes fatores naturais, o que confirma sua afirmação. O espaço físico é de fundamental importância para a geopolítica, pois, por exemplo, um dos fatores que pode influenciar determinada ação política é a localização física de matérias-primas dentro do território do país.
A importância da geopolítica não se restringiu apenas ao século XIX. Também no século XX, por mais que tenha havido tentativas de “ignorar” este conceito, a geopolítica recebeu atenção. Se no século XIX tínhamos a geopolítica atrelada aos conceitos de potências terrestres e navais, entre e após as duas guerras Mundiais este conceito muda. Esta mudança, contudo, foi vista por alguns autores como uma “queda” da geopolítica, já que o antigo conceito de potências navais e terrestres já não existia, em virtude da existência de armas nucleares e da possibilidade de se usar forças aéreas de forma estratégica. Surgiram conceitos como o de “vizinhança” – onde, teoricamente, a geopolítica só seria importante em relação aos países vizinhos – e a teoria das “esferas de influência”, onde haveria pólos de poder e os países à volta destes pólos seriam influenciados pelos mesmos.
Todos estes conceitos referem-se à geopolítica “clássica”. A geopolítica moderna, ou “crítica”, não leva tanto em consideração a localização geográfica dos países como um fator determinante de sua política, pois esta localização é fixa. Ao invés disso, a geopolítica crítica sugere que a moderna economia globalizada é o principal fator que determina as políticas dos países. O Estado já não consegue controlar muito bem sua economia, o que pode ser mostrado pelo crescimento de grupos transnacionais e bancos, que acabam influindo nas políticas dos países. Como não importa mais a localização geográfica, os países têm de propor políticas que levem em consideração todo o mundo – uma “política global” – e não apenas a sua região, pois suas ações poderão ter efeitos em outras partes do mundo, não apenas dentro do seu próprio território ou no território dos seus vizinhos. O jogo de poder entre os países passa a ser muito mais baseado na economia do que na geografia.
Independentemente da posição adotada, a geopolítica continua sendo importante. O autor diz que, com o surgimento de problemas ecológicos, os quais demandam competência para serem resolvidos, e com as recentes mudanças políticas ocorridas nos últimos anos, a geopolítica está se “reerguendo”. Weiser cita o exemplo da própria Alemanha unificada, que não pode mais enxergar o mundo por meio de “políticas de poder”, e sim por formas de cooperação entre ela própria e seus vizinhos.
Tendo estas idéias em mente, fica relativamente fácil entender a impossibilidade de se “ignorar” a geopolítica. Por mais que não se lide mais com “potências navais e terrestres”, os novos acontecimentos políticos e econômicos da década de 90 – o fim do comunismo, a concretização da União Européia, a criação do Nafta e, futuramente, a possível união entre as duas Coréias, por exemplo – fazem com que a geopolítica seja cada vez mais necessária, mesmo que existam pessoas da escola realista afirmando que não há mais a necessidade da geopolítica como ciência. Talvez, a “acomodação” do poder atualmente seja ainda mais difícil do que há cem anos, justamente por novos problemas surgirem. Poderíamos argumentar que, hoje, não há apenas potências e não-potências: existe uma superpotência, várias potências grandes, várias potências médias, e assim por diante, o que dificulta a manutenção do equilíbrio de poder. Ainda, não é apenas o interesse do Estado nacional que está em jogo: as empresas transnacionais adquiriram “vida própria”, implantando suas políticas comerciais sem depender muito das decisões políticas – pelo contrário, a própria empresa transnacional é que influencia a tomada de decisões do Estado. Sendo assim, deve-se sempre fazer um “reordenamento” do poder, de forma a garantir a estabilidade do sistema mundial.
1. Recapitule e comente as razões pelas quais o “incômodo” conceito de geopolítica vem sendo resgatado ultimamente, segundo Weiser.
O autor diz que o conceito de geopolítica era muito importante no século XIX, quando todas as então potências mundiais estavam concentradas na Europa. As relações de poder eram definidas não só baseando-se nos recursos que cada país possuía, mas também – e principalmente – na posição geográfica que ocupava. Assim, a Alemanha possuía vantagens e desvantagens em ser um país do centro da Europa, e a Grã-Bretanha também tinha suas próprias vantagens e desvantagens em ser uma ilha. Cabia a cada país engendrar suas possibilidades de forma a assegurar o seu lugar como potência.
Weiser fala também sobre a influência que os “fatores naturais” têm sobre os acontecimentos políticos de determinado país. Alguns autores negaram esta influência, dizendo que o espaço natural nada mais é do que um delimitador do território. Mas Weiser põe objeções a este pensamento, dizendo que não só os aspectos naturais importam – pois pode-se atribuir um valor monetário a estes fatores – como influenciam na determinação das políticas interna e externa nos países. Weiser diz também que a sociedade humana está ligada a estes fatores naturais, o que confirma sua afirmação. O espaço físico é de fundamental importância para a geopolítica, pois, por exemplo, um dos fatores que pode influenciar determinada ação política é a localização física de matérias-primas dentro do território do país.
A importância da geopolítica não se restringiu apenas ao século XIX. Também no século XX, por mais que tenha havido tentativas de “ignorar” este conceito, a geopolítica recebeu atenção. Se no século XIX tínhamos a geopolítica atrelada aos conceitos de potências terrestres e navais, entre e após as duas guerras Mundiais este conceito muda. Esta mudança, contudo, foi vista por alguns autores como uma “queda” da geopolítica, já que o antigo conceito de potências navais e terrestres já não existia, em virtude da existência de armas nucleares e da possibilidade de se usar forças aéreas de forma estratégica. Surgiram conceitos como o de “vizinhança” – onde, teoricamente, a geopolítica só seria importante em relação aos países vizinhos – e a teoria das “esferas de influência”, onde haveria pólos de poder e os países à volta destes pólos seriam influenciados pelos mesmos.
Todos estes conceitos referem-se à geopolítica “clássica”. A geopolítica moderna, ou “crítica”, não leva tanto em consideração a localização geográfica dos países como um fator determinante de sua política, pois esta localização é fixa. Ao invés disso, a geopolítica crítica sugere que a moderna economia globalizada é o principal fator que determina as políticas dos países. O Estado já não consegue controlar muito bem sua economia, o que pode ser mostrado pelo crescimento de grupos transnacionais e bancos, que acabam influindo nas políticas dos países. Como não importa mais a localização geográfica, os países têm de propor políticas que levem em consideração todo o mundo – uma “política global” – e não apenas a sua região, pois suas ações poderão ter efeitos em outras partes do mundo, não apenas dentro do seu próprio território ou no território dos seus vizinhos. O jogo de poder entre os países passa a ser muito mais baseado na economia do que na geografia.
Independentemente da posição adotada, a geopolítica continua sendo importante. O autor diz que, com o surgimento de problemas ecológicos, os quais demandam competência para serem resolvidos, e com as recentes mudanças políticas ocorridas nos últimos anos, a geopolítica está se “reerguendo”. Weiser cita o exemplo da própria Alemanha unificada, que não pode mais enxergar o mundo por meio de “políticas de poder”, e sim por formas de cooperação entre ela própria e seus vizinhos.
Tendo estas idéias em mente, fica relativamente fácil entender a impossibilidade de se “ignorar” a geopolítica. Por mais que não se lide mais com “potências navais e terrestres”, os novos acontecimentos políticos e econômicos da década de 90 – o fim do comunismo, a concretização da União Européia, a criação do Nafta e, futuramente, a possível união entre as duas Coréias, por exemplo – fazem com que a geopolítica seja cada vez mais necessária, mesmo que existam pessoas da escola realista afirmando que não há mais a necessidade da geopolítica como ciência. Talvez, a “acomodação” do poder atualmente seja ainda mais difícil do que há cem anos, justamente por novos problemas surgirem. Poderíamos argumentar que, hoje, não há apenas potências e não-potências: existe uma superpotência, várias potências grandes, várias potências médias, e assim por diante, o que dificulta a manutenção do equilíbrio de poder. Ainda, não é apenas o interesse do Estado nacional que está em jogo: as empresas transnacionais adquiriram “vida própria”, implantando suas políticas comerciais sem depender muito das decisões políticas – pelo contrário, a própria empresa transnacional é que influencia a tomada de decisões do Estado. Sendo assim, deve-se sempre fazer um “reordenamento” do poder, de forma a garantir a estabilidade do sistema mundial.
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