Como é sabido, interesso-me muito por todo e qualquer tema que tenha relação com a Rússia. Por já ter ido àquele país por cinco vezes e por está-lo estudando há sete anos, possuo um razoável conhecimento sobre o mesmo no que diz respeito à sua cultura, política, economia e sociedade.
Por causa disso, hoje à tarde recebi um e-mail de uma amiga pedindo-me para que eu explicasse como a União Soviética deixou de existir. Foi juntar a fome com a vontade de comer, pois falar da história da Rússia e fazer análises sobre a mesma é algo que me atrai bastante. Assim, sucintamente, apresento abaixo os principais motivos, em seqüência histórica, que levaram ao fim da União Soviética.
O primeiro fato considerado como originador do fim da URSS foi a posse, em 25 de março de 1986, de Mikhail Gorbachev como Secretário-Geral do Partido Comunista da URSS. Sua ascensão ao cargo levou à implantação de dois programas de reestruturação do país -- a Perestróica, ou "reconstrução", e a glasnost, ou "abertura". Ainda naquele ano, em novembro, os líderes dos EUA e da URSS se encontraram em Genebra, na Suíça. O objetivo da reunião era o de acabar com a corrida armamentista e com o risco constante de uma Terceira Guerra Mundial. Saíram de lá sem um acordo definido, mas uma nova reunião fora marcada para Reikjavik,na Islândia, no ano seguinte. Na reunião ocorrida na capital da Islândia, Reagan e Gorbachev também saíram sem um acordo -- mas cada delegação percebeu que as discussões transpuseram uma linha histórica, pelo teor das propostas apresentadas.
Este foi apenas um dos acontecimentos que marcaram o início do desmembramento da União Soviética. A causa principal da queda do comunismo foi a demora em se implantar os benefícios advindos da Terceira Revolução Tecnológica e Industrial: enquanto os países ocidentais se beneficiavam com estes resultados, a União Soviética mantinha tais desenvolvimentos tecnológicos aplicados apenas à área militar. A não aplicação nas indústrias, por exemplo, fez a URSS ficar atrás na corrida tecnológica, e este foi o principal motivo que fez a União Soviética se esfacelar. A tentativa de Gorbachev, com a Perestroika, de reestruturar o Estado soviético, foi infrutífera, devido à solidez do sistema.
A partir de 1988, diversos acontecimentos mostraram o que viria dali para frente, devido às políticas da Perestroika e da glasnost implantadas por Gorbachev. Em 1988, a Hungria abriu suas fronteiras com a Áustria, acabando com a “Cortina de Ferro”. Em 1989, na Polônia, ocorreram as primeiras eleições livres, com vitória esmagadora do Solidariedade - sindicato organizado pelos trabalhadores. Neste mesmo ano, houve a queda do muro de Berlim, devido a manifestações na Alemanha Oriental. Também na Tchecoslováquia o Partido Comunista perdeu o poder, e na Romênia o líder comunista Nicolae Ceausecu e sua esposa foram assassinados.
Em 1990, foi a vez dos Estados bálticos se rebelarem. Em apenas dois meses, as três repúblicas bálticas declararam sua independência em relação à URSS. Gorbachev, que por problemas internos havia associado-se à linha dura, ordenou a repressão dos movimentos separatistas, mas recuou ao ver milhares de pessoas protestando nas ruas contra as ações militares.
Também em 1990, Gorbachev enfrentava problemas internos. Ele propôs eleições livres na URSS, e se defrontava com duas tarefas difíceis: reformar o governo e a economia e, ao mesmo tempo, manter unidas as repúblicas que compunham a União Soviética. Além disso, havia ainda o problema das próprias repúblicas soviéticas, como a Rússia e a Ucrânia, que afirmaram a preponderância de suas leis sobre as leis soviéticas. Boris Ieltsin, presidente da Rússia, usou o descontentamento popular em relação à economia para enfraquecer Gorbachev e o centro.
Gorbachev tentava de todas as formas manter a União Soviética unida, primeiro propondo um novo governo central, depois um novo Tratado de União e, finalmente, uma nova União das Repúblicas Soviéticas Soberanas, mas nenhuma dessas idéias vingou. Em abril de 1991, a Geórgia declarou sua independência, e Gorbachev mudou novamente, politicamente falando: isolou-se da linha dura e formulou uma reforma com os líderes de nove repúblicas. Nada disso adiantou.
Em agosto de 1991, ocorreu um golpe de Estado na União Soviética. Membros da linha dura pediram que Gorbachev declarasse estado de emergência e, com a resposta negativa do presidente, prenderam-no em sua casa de férias na Criméia. O “Comitê de Emergência” passou o poder ao vice-presidente Gennadi Yanayev, e ordenou que tropas ocupassem Moscou.
Contudo, vários soldados e civis recusaram-se a acatar as ordens do Comitê de Emergência e, sob o comando de Ieltsin, resistiram à invasão da Casa Branca -- sede do parlamento russo. O líder do Comitê e chefe da KGB, Vladimir Kryuchkov, chamou Ieltsin e admitiu a derrota. Ieltsin trouxe Gorbachev de volta a Moscou, mas a União Soviética mudara muito nos três dias de golpe -- mais do que Gorbachev podia imaginar.
Após o golpe, Gorbachev afirmou sua convicção no Partido Comunista. Isto não era o que as pessoas queriam ouvir, e as coisas pioraram quando ele teve de ler ao vivo na televisão, sob pressão de Ieltsin, documentos mostrando que os seus aliados comunistas, membros do seu governo, estavam por trás do golpe.
Em 8 de dezembro de 1991, os presidentes da Rússia, Bielo-Rússia e Ucrânia assinaram um documento extinguindo a União Soviética e criando a Comunidade de Estados Independentes. Em 25 de dezembro, Gorbachev anunciou à população da URSS e do mundo que a União Soviética deixava de existir.
Claro que há diversos outros eventos que se interligam para mostrar como o país se esfacelou, mas o objetivo aqui é apenas dar uma visão geral. No entanto, não há dúvida de que a principal causa do fim da URSS não foi o alto investimento na área militar, e sim a não transferência de tecnologia para o dia-a-dia da população. Caso isto tivesse acontecido, poderia a URSS ter sobrevivido por mais tempo? Impossível dizer, já que a História não trabalha com "se". O fato concreto é que o fim da URSS mudou para sempre o mundo, pondo fim a uma era que, ainda hoje, ao contrário do que se propaga, marca o dia-a-dia da população mundial.
Por causa disso, hoje à tarde recebi um e-mail de uma amiga pedindo-me para que eu explicasse como a União Soviética deixou de existir. Foi juntar a fome com a vontade de comer, pois falar da história da Rússia e fazer análises sobre a mesma é algo que me atrai bastante. Assim, sucintamente, apresento abaixo os principais motivos, em seqüência histórica, que levaram ao fim da União Soviética.
O primeiro fato considerado como originador do fim da URSS foi a posse, em 25 de março de 1986, de Mikhail Gorbachev como Secretário-Geral do Partido Comunista da URSS. Sua ascensão ao cargo levou à implantação de dois programas de reestruturação do país -- a Perestróica, ou "reconstrução", e a glasnost, ou "abertura". Ainda naquele ano, em novembro, os líderes dos EUA e da URSS se encontraram em Genebra, na Suíça. O objetivo da reunião era o de acabar com a corrida armamentista e com o risco constante de uma Terceira Guerra Mundial. Saíram de lá sem um acordo definido, mas uma nova reunião fora marcada para Reikjavik,na Islândia, no ano seguinte. Na reunião ocorrida na capital da Islândia, Reagan e Gorbachev também saíram sem um acordo -- mas cada delegação percebeu que as discussões transpuseram uma linha histórica, pelo teor das propostas apresentadas.
Este foi apenas um dos acontecimentos que marcaram o início do desmembramento da União Soviética. A causa principal da queda do comunismo foi a demora em se implantar os benefícios advindos da Terceira Revolução Tecnológica e Industrial: enquanto os países ocidentais se beneficiavam com estes resultados, a União Soviética mantinha tais desenvolvimentos tecnológicos aplicados apenas à área militar. A não aplicação nas indústrias, por exemplo, fez a URSS ficar atrás na corrida tecnológica, e este foi o principal motivo que fez a União Soviética se esfacelar. A tentativa de Gorbachev, com a Perestroika, de reestruturar o Estado soviético, foi infrutífera, devido à solidez do sistema.
A partir de 1988, diversos acontecimentos mostraram o que viria dali para frente, devido às políticas da Perestroika e da glasnost implantadas por Gorbachev. Em 1988, a Hungria abriu suas fronteiras com a Áustria, acabando com a “Cortina de Ferro”. Em 1989, na Polônia, ocorreram as primeiras eleições livres, com vitória esmagadora do Solidariedade - sindicato organizado pelos trabalhadores. Neste mesmo ano, houve a queda do muro de Berlim, devido a manifestações na Alemanha Oriental. Também na Tchecoslováquia o Partido Comunista perdeu o poder, e na Romênia o líder comunista Nicolae Ceausecu e sua esposa foram assassinados.
Em 1990, foi a vez dos Estados bálticos se rebelarem. Em apenas dois meses, as três repúblicas bálticas declararam sua independência em relação à URSS. Gorbachev, que por problemas internos havia associado-se à linha dura, ordenou a repressão dos movimentos separatistas, mas recuou ao ver milhares de pessoas protestando nas ruas contra as ações militares.
Também em 1990, Gorbachev enfrentava problemas internos. Ele propôs eleições livres na URSS, e se defrontava com duas tarefas difíceis: reformar o governo e a economia e, ao mesmo tempo, manter unidas as repúblicas que compunham a União Soviética. Além disso, havia ainda o problema das próprias repúblicas soviéticas, como a Rússia e a Ucrânia, que afirmaram a preponderância de suas leis sobre as leis soviéticas. Boris Ieltsin, presidente da Rússia, usou o descontentamento popular em relação à economia para enfraquecer Gorbachev e o centro.
Gorbachev tentava de todas as formas manter a União Soviética unida, primeiro propondo um novo governo central, depois um novo Tratado de União e, finalmente, uma nova União das Repúblicas Soviéticas Soberanas, mas nenhuma dessas idéias vingou. Em abril de 1991, a Geórgia declarou sua independência, e Gorbachev mudou novamente, politicamente falando: isolou-se da linha dura e formulou uma reforma com os líderes de nove repúblicas. Nada disso adiantou.
Em agosto de 1991, ocorreu um golpe de Estado na União Soviética. Membros da linha dura pediram que Gorbachev declarasse estado de emergência e, com a resposta negativa do presidente, prenderam-no em sua casa de férias na Criméia. O “Comitê de Emergência” passou o poder ao vice-presidente Gennadi Yanayev, e ordenou que tropas ocupassem Moscou.
Contudo, vários soldados e civis recusaram-se a acatar as ordens do Comitê de Emergência e, sob o comando de Ieltsin, resistiram à invasão da Casa Branca -- sede do parlamento russo. O líder do Comitê e chefe da KGB, Vladimir Kryuchkov, chamou Ieltsin e admitiu a derrota. Ieltsin trouxe Gorbachev de volta a Moscou, mas a União Soviética mudara muito nos três dias de golpe -- mais do que Gorbachev podia imaginar.
Após o golpe, Gorbachev afirmou sua convicção no Partido Comunista. Isto não era o que as pessoas queriam ouvir, e as coisas pioraram quando ele teve de ler ao vivo na televisão, sob pressão de Ieltsin, documentos mostrando que os seus aliados comunistas, membros do seu governo, estavam por trás do golpe.
Em 8 de dezembro de 1991, os presidentes da Rússia, Bielo-Rússia e Ucrânia assinaram um documento extinguindo a União Soviética e criando a Comunidade de Estados Independentes. Em 25 de dezembro, Gorbachev anunciou à população da URSS e do mundo que a União Soviética deixava de existir.
Claro que há diversos outros eventos que se interligam para mostrar como o país se esfacelou, mas o objetivo aqui é apenas dar uma visão geral. No entanto, não há dúvida de que a principal causa do fim da URSS não foi o alto investimento na área militar, e sim a não transferência de tecnologia para o dia-a-dia da população. Caso isto tivesse acontecido, poderia a URSS ter sobrevivido por mais tempo? Impossível dizer, já que a História não trabalha com "se". O fato concreto é que o fim da URSS mudou para sempre o mundo, pondo fim a uma era que, ainda hoje, ao contrário do que se propaga, marca o dia-a-dia da população mundial.
7 comentários:
Muito boa a sua explicação, adorei.
vc sabe, mesmo com uma explicação dessa não dá pra não entender.
Você me ajudou bastante, obrigada.
Bem , man , eu também fiquei feliz em ver um artigo tão claro como o seu.
você nos ajuda bastante.
faça videos no you tube que também vai ser sucesso. só não vai ter mais acesso do que um Hit do que Ivete Sangalo ou MC catra .
porque infelizmente pouca gente tem cultura aqui no nosso país de 2º mundo.
meu facebook é o : joab marley f.
Jah protect us !!!
Amei essa resposta, bem detalhada do jeito que eu precisava...
Boa!!
Boa!!
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