Podemos definir como populistas as fórmulas políticas cuja fonte principal de inspiração e termo constante de referência é o povo, considerado como agregado social homogêneo e como exclusivo depositário de valores positivos, específicos e permanentes.
O populismo não é uma doutrina precisa, pois não conta com uma elaboração teórica orgânica e sistemática. Muitas vezes ele está mais latente do que teoricamente explícito. Sua denominação se molda a doutrinas e fórmulas diversamente articuladas e aparentemente divergentes, mas unidas em um mesmo núcleo essencial.
Em geral, as definições baseiam-se na legitimidade do povo, ou seja, a definição baseia-se em dois princípios fundamentais: o da supremacia da vontade do povo e o da relação direta entre povo e os governantes.
Vale lembrar que o conceito de povo aqui utilizado não é o povo racionalmente definido, ou seja, o "povo" é intuído ou definido a nível lírico e emotivo. O populismo tem muitas vezes uma matriz mais literária que política ou filosófica, e suas realizações baseiam-se em supostos valores populares.
Na realidade concreta dos vários sistemas populistas, ressalta sempre um governante de tipo carismático e a formação de uma elite de "iluminados", de intérpretes quase sagrados da vontade e do espírito do povo. Entretanto, a diferença entre o populismo e o fascismo está em que, se o populismo pode incluir quase todos, se não todos os fascismos, não é possível excluir do seu âmbito movimentos democráticos. Vale lembrar ainda o caráter nacionalista do populismo.
É clara a separação entre populismo e tradicionalismo. Embora conceda especial relevo aos valores tradicionais, o populismo não preconiza uma sociedade estática e imóvel. O populismo não visa a restaurar uma sociedade ou um sistema, e sim uma moral, um tipo de vida. A lógica e a efetividade são menos apreciadas que uma atitude correta. O deus do populismo é o próprio povo.
É importante notar que o populismo não tem bases ideológicas, e até certo ponto ele despreza a ordem constituída e as formulações ideológicas. Poder-se-ia dizer que o populismo é a tentativa de conciliar restauração e modernização.
O populismo é o recurso natural de uma sociedade em crise, dividida entre o setor tradicional e o setor moderno. Isto acontece quando as ideologias e os movimentos que enfrentam mais diretamente a industrialização e as suas conseqüências são considerados alheios ou inadequados, ou uma coisa e outra.
O núcleo populista dá-se entre os valores de base em que se fundamenta a cultura tradicional da sociedade em questão e a necessidade de modernização.
Entretanto, o populismo não é uma ideologia do atraso ou de retaguarda; não é anti industrial nem constitui um movimento reacionário. Ao contrário, recorrendo aos valores tradicionais e insurgindo-se contra as oligarquias cosmopolitas e capitalistas estranhas, ele apóia a mobilização de massa no âmbito da Revolução Industrial.
O populismo tende a permear ideologicamente os períodos de transição, particularmente na fase aguda dos processos de industrialização. É ponto de coesão e de sutura e, ao mesmo tempo, de referência e solidificação, apresentando grande capacidade de mobilização e oferecendo-se como fórmula homogênea a cada uma das realidades nacionais em face das ideologias "importadas", como uma fórmula autárquica.
Por mais que se tente acabar com o populismo, o mesmo sempre retorna quando há uma rápida mobilização de vastos setores sociais, incluindo aí uma politização à margem dos canais institucionais existentes, e ganha força por passar a imagem de "retorno" a certos valores originais da sociedade nacional. O populismo fica "hibernando", mas está pronto a materializar-se, de um instante a outro, nos momentos de crise.
Referências bibliográficas:
BOBBIO, Norberto. "Populismo". In: Dicionário de Política. Vol. 2, 11a Ed. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1998. Pág. 980-986.
O populismo não é uma doutrina precisa, pois não conta com uma elaboração teórica orgânica e sistemática. Muitas vezes ele está mais latente do que teoricamente explícito. Sua denominação se molda a doutrinas e fórmulas diversamente articuladas e aparentemente divergentes, mas unidas em um mesmo núcleo essencial.
Em geral, as definições baseiam-se na legitimidade do povo, ou seja, a definição baseia-se em dois princípios fundamentais: o da supremacia da vontade do povo e o da relação direta entre povo e os governantes.
Vale lembrar que o conceito de povo aqui utilizado não é o povo racionalmente definido, ou seja, o "povo" é intuído ou definido a nível lírico e emotivo. O populismo tem muitas vezes uma matriz mais literária que política ou filosófica, e suas realizações baseiam-se em supostos valores populares.
Na realidade concreta dos vários sistemas populistas, ressalta sempre um governante de tipo carismático e a formação de uma elite de "iluminados", de intérpretes quase sagrados da vontade e do espírito do povo. Entretanto, a diferença entre o populismo e o fascismo está em que, se o populismo pode incluir quase todos, se não todos os fascismos, não é possível excluir do seu âmbito movimentos democráticos. Vale lembrar ainda o caráter nacionalista do populismo.
É clara a separação entre populismo e tradicionalismo. Embora conceda especial relevo aos valores tradicionais, o populismo não preconiza uma sociedade estática e imóvel. O populismo não visa a restaurar uma sociedade ou um sistema, e sim uma moral, um tipo de vida. A lógica e a efetividade são menos apreciadas que uma atitude correta. O deus do populismo é o próprio povo.
É importante notar que o populismo não tem bases ideológicas, e até certo ponto ele despreza a ordem constituída e as formulações ideológicas. Poder-se-ia dizer que o populismo é a tentativa de conciliar restauração e modernização.
O populismo é o recurso natural de uma sociedade em crise, dividida entre o setor tradicional e o setor moderno. Isto acontece quando as ideologias e os movimentos que enfrentam mais diretamente a industrialização e as suas conseqüências são considerados alheios ou inadequados, ou uma coisa e outra.
O núcleo populista dá-se entre os valores de base em que se fundamenta a cultura tradicional da sociedade em questão e a necessidade de modernização.
Entretanto, o populismo não é uma ideologia do atraso ou de retaguarda; não é anti industrial nem constitui um movimento reacionário. Ao contrário, recorrendo aos valores tradicionais e insurgindo-se contra as oligarquias cosmopolitas e capitalistas estranhas, ele apóia a mobilização de massa no âmbito da Revolução Industrial.
O populismo tende a permear ideologicamente os períodos de transição, particularmente na fase aguda dos processos de industrialização. É ponto de coesão e de sutura e, ao mesmo tempo, de referência e solidificação, apresentando grande capacidade de mobilização e oferecendo-se como fórmula homogênea a cada uma das realidades nacionais em face das ideologias "importadas", como uma fórmula autárquica.
Por mais que se tente acabar com o populismo, o mesmo sempre retorna quando há uma rápida mobilização de vastos setores sociais, incluindo aí uma politização à margem dos canais institucionais existentes, e ganha força por passar a imagem de "retorno" a certos valores originais da sociedade nacional. O populismo fica "hibernando", mas está pronto a materializar-se, de um instante a outro, nos momentos de crise.
Referências bibliográficas:
BOBBIO, Norberto. "Populismo". In: Dicionário de Política. Vol. 2, 11a Ed. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1998. Pág. 980-986.
Um comentário:
Olá,Caro Prof. Matheus!
o populista seria aquele cara que bate com a mão de ferro e depois assopra para amenizar o tapa? Em tal momento onde seu regime estivesse em crise se utilizaria do autoritarismo para reprimir qualquer ameaça e para não provocar uma insatisfação maior no povo dar migalhas ou pequenas reformas para amenizar os problemas da grande massa explorada?
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